É um lugar escuro, frio e silencioso.
As vezes passo longas horas neste lugar;
Por alguns instantes o silencio toma conta,
Ai então começam aos poucos surgirem lembranças;
Lembranças de toda uma vida.
De minha infância e de seus marcantes momentos:
Os amigos da rua que nunca mais vi;
Das brincadeiras que embalavam meus dias;
Do primeiro beijo, meu primeiro amor;
As vezes que sofri sem sequer saber o motivo;
Dos meus primeiros amores e minhas primeiras decepções;
Lembranças de uma infância feliz e sofrida ao mesmo tempo.
Neste momento sinto lágrimas caindo de meus olhos,
Lágrimas caem , pois sem perceber começo a chorar.
Mas mesmo assim continuo naquele cantinho da mente,
Então surgem lembranças de uma tumultuada adolescência:
As decisões difíceis que tomei sem pensar;
Festas regadas a álcool e mulheres que nada significaram;
Dias de trabalho duro acompanhados de ressacas terríveis;
Erros cometidos, caminhos tomados que só atrasaram minha jornada;
Conflitos criados por conta de uma mente rebelde.
E as lágrimas continuam a rolar pela face inteira,
Mas as lembranças insistem em aparecerem silenciosamente.
À esta altura surgem lembranças de meus últimos anos:
A eterna solidão que me persegue sem desistir;
Arrependimentos por tolas escolhas feitas no passado;
Os vastos mistérios que do passado me encantavam,
E que perderam seu brilho tomando meu tempo;
Dos amigos que perdi por palavras mal ditas;
As noites de insonia, noites de garras afiadas,
Que machucavam, que cortavam como espadas;
De grandes amigos que o anjo da morte levou sem piedade.
Neste ponto meu coração treme, está gelado;
Meu rosto está lavado de lágrimas por inteiro.
Continuo ali sentado, neste cantinho em minha mente,
Fazendo uma viajem pessoal em busca de quem sou,
Em busca do que era e do que me tornei,
Mas me sinto tão perdido em mim mesmo,
Que a cada minuto me sinto mais confuso nesta busca.
E as lágrimas não param, continuam a cair,
E choro, choro até não haver lágrimas,
Choro, choro até não poder mais chorar...